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Construção 3D revoluciona o setor com casas construídas no canteiro e sistemas modulares

  • trapichedperrone
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura

A nova fronteira da construção civil: casas erguidas por impressão 3D diretamente no canteiro de obras. Em um subúrbio de Moscou, uma casa de 38 metros quadrados foi construída em apenas 24 horas, a um custo inferior a US$ 10 mil. O projeto, realizado pela startup americana Apis Cor, chamou a atenção do mundo para uma revolução silenciosa que está transformando a construção civil: a impressão 3D de estruturas habitacionais com concreto extrudado.


Diferentemente dos sistemas modulares ou pré-fabricados, essa tecnologia permite a construção in loco, com paredes e elementos estruturais sendo impressos camada por camada diretamente no local, como em um gigantesco “plotter de concreto”. A impressora, operada por software, segue um modelo digital tridimensional que guia a deposição precisa do material, possibilitando a criação de formas complexas, com alta velocidade, precisão e mínimo desperdício.


“É uma mudança de paradigma. A impressão 3D permite geometrias mais livres, com economia de recursos e maior controle do processo”, afirma o arquiteto Orlando Ribeiro, vice-presidente da AsBEA-PR (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – Paraná). “Ela reduz drasticamente o desperdício de materiais e é ideal para obras de baixo custo, personalizadas ou automatizadas”, complementa.

 

Concreto sob medida para uma nova era da construção


No coração dessa transformação está uma formulação de concreto especialmente desenvolvida para o processo de impressão 3D. Conhecido como concreto extrudado, esse material possui propriedades reológicas e mecânicas únicas, como alta coesão, pega acelerada e tixotropia (a capacidade de recuperar sua viscosidade após o bombeamento). Essas características garantem a estabilidade e a integridade estrutural da edificação desde as primeiras camadas, possibilitando a construção contínua, precisa e eficiente diretamente no canteiro de obras.


“É um material que precisa fluir com facilidade e, ao mesmo tempo, manter a forma ao ser depositado. Um equilíbrio técnico muito sofisticado”, explica Ribeiro. A precisão permite o uso exato da quantidade de concreto necessária, o que resulta não apenas em economia, mas também em menor impacto ambiental.

 

Brasil começa a explorar o potencial da construção 3D


Embora ainda em fase emergente no país, a construção 3D já começa a movimentar universidades, centros de pesquisa e startups brasileiras. Um exemplo promissor vem do Instituto SENAI de Inovação, na Bahia, que desenvolveu, em parceria com uma startup local, um projeto de habitações populares impressas em 3D, adaptadas às condições climáticas e aos materiais disponíveis na região.


Na USP e no ITA, as pesquisas avançam no desenvolvimento de misturas cimentícias e impressoras de grande porte, com aplicações que vão desde moradias sustentáveis até estruturas voltadas ao uso militar. Já a InovaHouse3D, startup originada na Universidade de Brasília (UnB), se destaca ao projetar impressoras e composições de concreto adaptadas à realidade brasileira, buscando soluções acessíveis e eficientes para o mercado nacional.


Já a UTFPR investiga o uso de resíduos industriais em formulações sustentáveis, combinando inovação com responsabilidade ambiental. Além do meio acadêmico, startups brasileiras vêm apostando na impressão 3D como solução para obras emergenciais e personalizadas. “Essa tecnologia tem enorme potencial para atender demandas habitacionais urgentes, com qualidade e eficiência”, avalia o arquiteto da AsBEA-PR.

 

Um futuro moldado em camadas


A startup americana Apis Cor segue expandindo sua atuação nos Estados Unidos e alcançando marcos expressivos na construção por impressão 3D. A empresa é responsável pela criação do maior edifício impresso em 3D do mundo, um prédio administrativo de dois andares e pelo primeiro edifício comercial impresso com permissão oficial nos Estados Unidos, localizado em Boca Chica, no Texas.


No setor residencial, a Apis Cor construiu uma casa no estado do Missouri com paredes impressas em 3D, projetadas e testadas internamente para atingir desempenho equivalente ao de blocos de concreto convencionais, sendo este o primeiro projeto da empresa com esse padrão. A Apis Cor também é reconhecida por ter construído a primeira casa impressa em 3D, descrita como "pequena, mas poderosa", que se tornou um dos projetos mais icônicos e amplamente divulgados do setor.


Em 2022, a empresa construiu a Eden Village, uma comunidade com 31 pequenas casas projetadas para oferecer moradia permanente e digna a pessoas em situação de rua em Wilmington, na Carolina do Norte (EUA). A iniciativa foi pensada para garantir estabilidade habitacional e promover inclusão social de forma duradoura. “Além disso, foi premiada em desafios da NASA voltados à habitação espacial. Seu portfólio é um indicativo de que a impressão 3D já não pertence apenas ao campo da experimentação e trata-se de uma solução viável, escalável e cada vez mais acessível”, assinala. No Brasil, os avanços ainda ocorrem em ritmo moderado, mas o interesse cresce. “Estamos diante de uma tecnologia que não só transforma a forma de construir, como redefine o papel da arquitetura e da engenharia. É um caminho sem volta”, conclui Ribeiro.

 

 
 
 

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