Altas temperaturas e concreto: Soluções inteligentes para obras em clima quente
- trapichedperrone
- há 5 dias
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Trabalhar com concreto em regiões de altas temperaturas impõe uma série de desafios técnicos. Isso porque o calor intenso interfere diretamente na mistura, no lançamento e no processo de cura, podendo comprometer tanto a qualidade quanto a resistência do material.
Diante desse cenário, a concretagem em clima quente exige planejamento cuidadoso e a aplicação de soluções específicas, que assegurem o desempenho e a durabilidade das estruturas. À medida que as temperaturas aumentam, as condições ambientais se tornam ainda mais críticas, tornando indispensável a adoção de estratégias técnicas adequadas para evitar falhas e garantir a integridade das obras.
Segundo Jair Schwanck Esteves, coordenador de Desenvolvimento Técnico da Concrebras, o calor pode afetar o concreto de diferentes formas. “A influência da temperatura no concreto pode ter origem tanto interna quanto externa. Internamente, é gerado o processo de hidratação do cimento, resultando em variações volumétricas desde a fase inicial de cura até o equilíbrio térmico com o ambiente. Externamente, fatores como temperatura elevada, baixa umidade do ar e ação do vento podem intensificar a retração do concreto”, detalha. Esses elementos podem comprometer a resistência e durabilidade da estrutura se não forem controlados corretamente.
Uso do gelo como solução térmica
Uma estratégia eficaz para combater os efeitos das altas temperaturas na concretagem é a utilização de gelo. O resfriamento do concreto fresco reduz os picos térmicos e minimiza riscos de fissuração. “O gelo é uma ferramenta eficaz para reduzir os efeitos do calor, especialmente em estruturas mais espessas, como blocos de fundação, pilares e vigas de transição”, afirma Esteves.
Esse método é amplamente adotado em grandes obras, onde o controle térmico do concreto é essencial para garantir a qualidade e o desempenho da estrutura. Entre as soluções adotadas, destacam-se o uso de gelo na mistura, cimento Portland de baixo calor de hidratação, aditivos redutores de água de alta performance e aditivos específicos para o controle da hidratação, todos voltados para assegurar uma cura mais controlada e eficiente, mesmo sob temperaturas elevadas.
A elevação excessiva da temperatura interna do concreto pode desencadear o fenômeno conhecido como DEF (Delayed Ettringite Formation – Formação de Etringita Tardia), um composto secundário resultante da hidratação do cimento que possui potencial de expansão volumétrica. Quando presente, esse processo pode comprometer, ao longo do tempo, a durabilidade e a estabilidade da estrutura, especialmente em fundações submetidas a condições específicas de umidade e temperatura.
Monitoramento da temperatura durante a concretagem
O controle da temperatura não se restringe apenas à preparação do concreto, mas também ao monitoramento durante sua aplicação. “Para blocos de fundação, as temperaturas são previamente estimadas pelo Método dos Elementos Finitos”, explica Esteves.
Durante a execução da obra, são instalados sensores térmicos, conhecidos como termopares, no interior do concreto. Esses dispositivos permitem o monitoramento contínuo das variações de temperatura, ajudando a identificar e controlar o calor gerado durante a cura, evitando que o aquecimento excessivo comprometa a integridade da estrutura.
O planejamento da concretagem em condições climáticas adversas, como em regiões de altas temperaturas, exige uma abordagem cuidadosa e estratégica. A logística deve contemplar a definição precisa das datas de concretagem e a contratação de fornecedores especializados, como empresas responsáveis pelo fornecimento de gelo, garantindo o abastecimento contínuo ao longo da obra e contribuindo para o controle térmico eficaz da mistura. “Dependendo do porte da construção, a concretagem pode durar uma semana, exigindo um abastecimento contínuo”, ressalta Esteves.
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