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Reconstrução de solos pode colaborar para a descarbonização de áreas mineradas



Segundo estudo publicado recentemente pela na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, o Brasil conta com mais de 5 milhões de hectares destinados à mineração, o que gera um alto impacto ao meio ambiente devido às elevadas emissões de gases de efeito estufa como o dióxido de carbono (CO2).


De acordo com o artigo da Earth & Environment, é possível reaver parte dos estoques de carbono perdidos na mineração, por meio da reconstrução de solos dessas regiões. Isso porque os “tecnossolos”, como são conhecidos, são capazes de colaborar no sequestro de carbono da mineração, tendo potencial ainda para a destinação de resíduos sólidos da atividade.


A pesquisa aponta que somente as emissões relacionadas ao processamento mineral, como o consumo de combustíveis e eletricidade, estão sendo quantificadas. Já as emissões indiretas resultantes da remoção de solo e vegetação são relevantes, mas ainda desconhecidas.


As áreas de mineração armazenam cerca de 2,5 gigatoneladas (Gt) de CO2 equivalente, na forma de biomassa vegetal (0,87 gigatonelada de CO2 equivalente) e, em sua maioria, matéria orgânica do solo (1,68 gigatonelada de CO2 equivalente). No entanto, existe um risco desse estoque ser emitido para a atmosfera na forma de CO2, caso a vegetação e o solo sejam removidos para a atividade mineradora, por conta da decomposição.


“Recuperar esse estoque de carbono é, portanto, de extrema importância, já que o impacto corresponderia a aproximadamente 5% das emissões anuais de CO2 decorrentes de fontes humanas em todo o mundo. Nesse contexto, exploramos a possibilidade de recuperar tais estoques por meio da reconstrução de solos nas áreas mineradas”, aponta um dos autores do artigo, professor Tiago Osório Ferreira, do Departamento de Ciência dos Solos da Esalq.


Segundo Ferreira, esses solos podem ser construídos com diversos materiais provenientes das atividades humanas, como resíduos e rejeitos industriais, urbanos e de mineração, desde que possuam as propriedades adequadas.


“Os tecnossolos podem atuar com substrato para o desenvolvimento de plantas, sejam espécies nativas ou de interesse agrícola e florestal, e sequestrar carbono por meio do acúmulo de matéria orgânica. Enfim, essa pesquisa estima que até 60% do carbono perdido do solo (equivalente a 1 gigatonelada de CO2) possa ser recuperado através da construção de tecnossolos”, completa o professor.


Os tecnossolos ainda são capazes de restaurar serviços ecossistêmicos essenciais providos por solos naturais que são perdidos em razão da mineração, como a produção de alimentos e energia, proteção da biodiversidade, regulação da qualidade do ar e da água, e ciclagem de nutrientes. Por serem construídos a partir de resíduos e rejeitos, os tecnossolos também apresentam grande potencial para a destinação de resíduos sólidos, reduzindo o risco dos impactos ambientais associados a estes.


“A elaboração de tecnossolos se baseia no entendimento de processos de ocorrência natural em solo, como intemperismo, formação do solo e estabilização da matéria orgânica no solo, a fim de produzir solos capazes de recuperar áreas degradadas, garantindo o sequestro de carbono e demais serviços ecossistêmicos. Considerando as extensas áreas dedicadas à mineração no Brasil e em outros importantes países mineradores, como China, Estados Unidos e Austrália, a construção de tecnossolos surge como uma solução baseada na natureza promissora para a mitigação das mudanças climáticas”, disse o pesquisador.


O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e vinculado ao novo Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical (CCarbon), também financiado pela Fapesp. O CCarbon, sediado na Esalq, tem como objetivo produzir conhecimento e inovação para soluções baseadas na natureza (SBN), conciliando a demanda por alimentos, fibras e energia com sustentabilidade ambiental, econômica e social.


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